
Ricardo de Castro Martins Vieira – Membro da Academia de Engenheiros Escritores de Alagoas
Caro candidato,
Independentemente de quem você seja, ou para que cargo tenha se apresentado, gostaria de fazer algumas observações, muito pessoais, sobre o processo político e como vejo o delicado momento da busca de votos. Estou especialmente preocupado com aqueles que, apresentando-se a cargos públicos, tentam negar a Política e os políticos, criando uma imagem deturpada da Ciência e de seus operadores.
Atuar na Política (assim, com letra maiúscula) é, essencialmente negociar, fazer acordos, eventualmente ceder. Neste processo, os espaços políticos são também importantes moedas de troca e não podem ser demonizados ou menosprezados pois comprometem a própria atividade Política. Para governar é essencial celebrar acordos, reunir o Poder que a Democracia dilui justamente para impedir que todo ele recaia num único par de mãos.
Negociamos em casa, com a esposa, filhos, pais, amigos. Trocamos benefícios por procedimentos ou comportamentos que precisamos ou desejamos. Fazemos Política também em nossos trabalhos, nossas entidades, nossas organizações. Onde existem duas pessoas, aí se faz Política. Aí se ganha e se perde. Cedemos e recebemos o tempo todo de tal forma que consigamos caminhar, juntos para um futuro melhor. Como é fácil perceber, a liderança política tem papel fundamental neste processo e é, portanto, uma nobilíssima atividade.
E não há nada de ruim, imoral, ilegal ou degradante no processo Político que é feito sob essa ótica. Até porque imaginar que se pode governar sem fazer Política, sem construir alianças, sem ceder espaços, sem ouvir e aceitar posições diversas às suas, é sonhar com a possibilidade de entrar num mundo inexistente. É crer que todos aceitarão a opinião unitária e incontestável do “dirigente”.
Pior é o fato de que, quem se apresenta para assumir um Poder Público com a pretensão de não negociar, é, de fato, um pretenso ditador que idealiza um poder absoluto, impossível numa Democracia.
Assim, meu caro, sugiro que faça sim, acordos e negociações, ouvindo os desejos de pretensos apoiadores, suas necessidades, seus sonhos. Dentro do que lhe parecer possível, dê-lhes as esperanças e expectativas que tanto precisam (é uma forma de negociar: fazer compromissos) e, se for convincente e sincero, em troca receberá seu voto.
Mas o mais importante é que, se conseguir o que deseja, se os votos assim “trocados” permitirem que você seja eleito, honre cada um deles e se sinta sempre em débito nesta negociação Política.
Grande abraço,