Quisera que não fosse o que me parece ser

Alfredo Gazzaneo Brandão – Membro da Academia de Engenheiros Escritores de Alagoas

Quisera não fosse o que me parece ser. Um sentimento mesquinho, que adentra, ostensivamente, todo o meu ser, tornando-me impotente, rompendo as estruturas, dilacerando meus sentimentos, provocando, em mim, dor, devastação, destruição.

Quisera não fosse o que me parece ser um caminho sem volta, que não me permite retroceder, causando sangria na alma, decepção generalizada.

Era dia 03 de outubro de 2022. Acordei com um pensamento insistente. Não sei se sonhei ou relembrei acontecimentos.
Enfim, verdade ou ficção, participava de um grande congresso de anjos, como ouvinte, obviamente, onde lá estavam representantes de todas as nações que, com liberdade e autoridade, exerciam o papel de projetar e divulgar as riquezas, belezas e maravilhas dos seus lugares.

Nosso representante, ao finalizar sua explanação, sentiu florescer nos participantes um sentimento de inveja, ao tomarem conhecimento de tanta beleza e riqueza concentradas em um só lugar. Uma imensidão de terra, mata, água, clima propício a todas as culturas e criação de animais os mais diversos, todo esse patrimônio presente em abundância.

Percebendo o mal-estar e as consequências que o seu relato poderia causar, tratou logo de complementar, afirmando que valeria a pena lembrar, o tipo de gente que Ele colocou aqui. E continuou tentando justificar tal afirmação, procurando explicações para tanta falta de patriotismo, compromisso para com a nação e valores como família, religião, liberdade e, acima de tudo, compromisso com a verdade.

Poderia, quem sabe, ser desconhecimento da História mas como, nos dias de hoje, onde tudo se vê e se descobre. As informações fluem, através das redes sociais de forma até invasiva em determinados momentos, fazendo com que não mais seja possível demonstrar desconhecimento dos fatos.

Talvez, numa última tentativa de justificar o injustificável, referiu-se ao envolvimento emocional, que, muitas vezes, põe vendas nos nossos olhos, impedindo-nos de ver as opções de caminhos que temos para seguir e, aonde eles nos levarão. Entretanto essas vendas não nos impedem de lembrar, os caminhos percorridos e as consequências, decorrentes das feridas que ainda não cicatrizaram.
Enfim, quisera que não fosse o que me parece ser e que eu não volte a sentir o mal estar que experimentei, a decepção que tomou conta de todo o meu sentimento, esperando que possamos acordar para a realidade, os que continuam dormindo, retirar as vendas dos que permanecem cegos, a fim de marcharmos, todos juntos, unidos em um só objetivo, que é o de defender com responsabilidade, nosso patrimônio, nossa soberania, integridade e, acima de tudo, nossa liberdade.