Abel Galindo
Formação:
Graduação: Engenheiro Civil, formado em dezembro de 1974, pelo Centro de Tecnologia da UFAL. – Pós-Graduação: Mestre em Geotecnia pelo Centro de Ciências e Tecnologia da UFPB, com defesa de tese em 1977.
Ocupação profissional:
Professor de fundações e de outras disciplinas na área de geotecnia do curso de Engenharia da UFAL de 1977 a 2014. – Consultor geotécnico na Área de Fundações e Obras de Terra. – Responsável Técnico da AGM – Geotécnica Ltda., empresa especializada em fundações, sondagens, rebaixamento do N.A, estabilidade de encostas, etc., desde 1982.
Experiência acadêmica:
- Professor de Resistência dos Materiais do CTEC-UFAL, no período de março a julho de 1977.
- Professor de Mecânica dos Solos I e II, do CTEC – UFAL, no período de agosto de 1977 a dezembro de 1978.
- Professor de Mecânica Geral I (Mecânica dos Sólidos) do CTEC – UFAL, no período de março de 1977 a junho de 1982.
- Professor da disciplina de Estrutura de Contenção e Obras Marítimas, no período 2000 a 2014.
- Professor de Geologia de Engenharia do curso de Engenharia da UFAL de 2007 a 2013.
Publicações e consultorias:
- Consultor: CREA/AL.
- Consultor da Revista Fundações e Obras Geotécnicas, de circulação nacional – editora Rudder.
- Mais de uma dezena de trabalhos científicos e técnicos publicados em congressos nacionais e internacionais.
- Autor do livro: Métodos de Investigação do Subsolo, publicado pela Edufal.
- Um dos autores do livro: Geotecnia do Nordeste, publicado pela Associação Brasileira de Fundações e Mecânica dos Solos (ABMS).
- Criador das estacas Rotativa-Injetadas, com bulbos e um dos idealizadores das estacas Escavadas a Seco com Anéis.
- Um dos autores do livro: Rasgando a cortina do silêncio.
- Autor do livro: Pinheiro, Bebedouro, Mutange, Bom Parto e Farol, bairros vítimas do maior crime ambiental urbano do Brasil (ainda não publicado).
Outros títulos:
- Detentor da Medalha do Mérito Tavares Bastos, pelos trabalhos relevantes ao nosso estado, concedida pela Assembleia Legislativa do Estado de Alagoas, em 26/06/2019.
- Membro da Academia de Cultura de Alagoas
CONJUNTO RESIDENCIAL JATIÚCA
Todo conhecimento que se dispõe hoje na engenharia civil (e em outras atividades) é fruto de muitas ocorrências vividas por engenheiros e pesquisadores ao longo de dezenas de séculos passados. Em alguns casos, essas ocorrências resultaram em perdas materiais e de vidas humanas, trazendo muita dor e sofrimento para muitos. O insucesso de projetos e obras de engenharia, mesmo sem ocorrência de morte, sempre é acompanhada de penalizações de ordem moral (com perda de credibilidade) e material para os engenheiros responsáveis pelo fracasso.
Há um ditado que diz: “a infelicidade de uns, muitas vezes, resulta em felicidade de outros”. Assim sendo, os casos que serão relatados a seguir, servirão de boas lições, principalmente para o engenheiro pouco experiente e para aqueles que subestimam as informações contidas nos livros técnicos e recomendações de professores e engenheiros mais vividos na engenharia civil.
PRIMEIRO CASO
O projeto inicial deste conjunto constituía-se de dezenas de blocos de apartamentos, tipo térreo mais 3 pavimentos de classe B.
O projeto arquitetônico e o estrutural já estavam prontos antes da execução das sondagens. Foram projetados 2 furos nas extremidades de uma das diagonais de cada bloco.
Quase todos os furos apresentaram como resultado um terreno com subsolo predominantemente arenoso e com capacidade de carga suficientemente boa para as cargas que iriam atuar nas fundações. Mas, no perfil de sondagem de uns 3 ou 4 furos ( foram executados mais de 40 furos), ocorreu uma camada de solo orgânico que iniciava entre 0,5 m e 1 m de profundidade, de baixíssima resistência e espessura média de 3 metros. Estes furos eram próximos entre si e localizavam-se no lado esquerdo da parte da frente do terreno. Diante deste fato, foi realizada uma nova campanha de sondagem, na qual os furos foram distribuídos numa malha de 3 m por 3 m, de forma tal que esta malha cobria todo setor dos furos que apresentaram as anomalias, em comparação com os demais. A área deste setor era aproximadamente um retângulo de 30 m x 40 m. Essas sondagens revelaram um leito de um antigo riacho que desaguava na Lagoa da Anta, localizada próximo ao empreendimento.
A presença dessa camada de solo orgânico próximo à superfície implicou nova concepção do projeto das fundações dos blocos residenciais atingidos pelo leito do antigo riacho que, por sorte, foram apenas dois. As fundações que seriam corridas, assentadas na profundidade de uns 60 cm, passaram para fundações profundas apoiadas sobre estacas pré-moldadas. O custo destas estacas, mais vigas e blocos de coroamento em concreto armado, que compõem toda infra-estrutura necessária a esse tipo de fundação, inviabilizou financeiramente a construção dos dois blocos envolvidos no problema.
A solução foi transformar os blocos atingidos, que eram do tipo “caixão”, com 16 apartamentos (4 por andar), em edifícios de 10 pavimentos com 40 apartamentos, cada. E assim, o custo total das fundações foi diluído no valor de 40 apartamentos ao invés de 16.
Deste episódio ficou a lição de que a sondagem do terreno deve ser executada antes de qualquer planejamento e elaboração de projetos edificações, especialmente quando a área é pouco conhecida geotecnicamente.